"As férias estão a terminar. Já comecei a fazer a mala, com ela levo a esperança que estes três próximos meses passem rápido. A chegada é sempre melhor que a partida. Mas quando há chegadas também tem de haver partidas. Lamento deixar a minha avó sozinha. Ainda não parti e ela já se anda a lamentar. Sou eu que a vou buscar a casa, sou eu que a levo para onde quer que vá, perdendo por vezes um pouco a minha vida. Lamento não poder ser o braço direito da minha tia quando precisa que lhe um cuide do meu afilhado. Lamento não o poder ver crescer. Lamento não poder estar cá no aniversário do meu pai. Lamento não poder ajudar a minha irmã mais nova a estudar. Lamento cada vez mais perder amigos em Portugal. Lamento
chorar às escondidas, quando sei que ninguém vê, quando vejo chegar a partida. Lamento ter de me fazer de forte.Adoro sentir que o orgulho nos teus olhos Pai. Adoro lutar por aquilo que realmente quero mas detesto ver que tens de fazer sacrifícios para isso. Detesto as despedidas no aeroporto, as lagrimas no canto do olho, e tu pai, a fazer-te de forte. Já conheço de cor, a cor da madrugada, o cheiro, o ar húmido daqueles domingo`s que saio de casa e só volto três meses depois."
Escrito em Maio de 2007, quando a minha vida era na América Latina, longe de tudo e todos. E ainda choro quando leio isto.
C.
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